AS LISTAS DE 10

É muito fácil criticar as listas dos melhores 10 do ano. Dizer que é incentivar uma hierarquização onde ela não é desejada. Argumentar que há bem mais de 10 filmes a ver num ano. Apontar arbitrariedades nas escolhas, trends, hipóteses de se mostrar que se conhece isto e aquilo. Acusar os que realizam essas listas de pedantismo, ignorância ou mau gosto. Mas esquecem-se de que as listas ajudam a descobrir coisas novas. Esquecem-se de que são demonstrações de paixões e ódios. São também a defesa do gosto pessoal. As listas são muitas vezes individuais ou o conjunto de decisões individuais (por voto). São sempre os meus melhores dez e não os melhores dez do povo ou os dez mais vendidos. Vezes há em que quase se pode definir a personalidade de alguém através destas listas (e palmas para o meu reducionismo!). Este ano seria possível fazer uma tese só sobre a posição em que aparecem os Arcade Fire. Pô-los em primeiro será óbvio. Pô-los noutras posições será difícil de argumentar. Não os colocar será sinal de “peculiaridades de carácter” ou ignorância ou estupidez. Ou, o que será o meu caso, porque já se os colocou na lista do ano passado. Enfim. Isto para dizer que está aberta a época. Nunca compro tantas revistas como nestas semanas. E indigno-me. Vejo a lista da Rolling Stone e acho aquilo uma salganhada. Vejo a da Q e acho-os reaccionários (Oásis no top 10??? Já não estamos em 94…). Vejo a do NME e concordo com o primeiro lugar (Bloc Party). Quando vierem nos jornais portugueses as listas dos dez melhores filmes tenho a certeza de que irei espumar de raiva e pensar em escrever cartas ameaçadoras. E por aí…
Tudo isto é muito inútil e superficial. Mas é muito divertido.